Esporte ajuda jovem a conviver com a esclerose múltipla

Desde os 14 anos, Thiago Santana integra o núcleo local do Programa Navega São Paulo não apenas como atleta, mas também como instrutor voluntário das atividades náuticas.
Foto: Divulgação/ Prefeitura de Praia Grande
Thiago encontrou na vela uma forma de superação


Integrante da Secretaria de Esporte e Lazer (SEEL) de Praia Grande, Thiago Luiz de Santana, 33 anos, tem esclerose múltipla, uma doença autoimune que afeta os nervos do corpo e do cérebro. Por meio do esporte, mais precisamente da vela, ele encontrou um caminho para lidar com esta grave doença.

Desde os 14 anos, ele integra o núcleo local do Programa Navega São Paulo não apenas como atleta, mas também como instrutor voluntário das atividades náuticas.

“A descoberta desta doença em 2014 foi um choque porque ela causa uma espécie de desligamento da comunicação entre os meus neurônios e o sistema nervoso, o que faz com que eu perca os movimentos do corpo”, informou Thiago. “Sei que é uma doença neurodegenerativa, que não tem cura e que está piorando com o tempo, mas depois desse primeiro impacto, eu decidi viver como uma pessoa normal. Preciso continuamente tomar remédios, fazer exames e ter acompanhamento médico. Mas, internamente, também necessito treinar e competir para garantir meu bem-estar. Uma tia minha teve esse mesmo problema, se entregou e faleceu rapidamente. Não quero isso para mim”.

Natural de Santos e residente no Bairro Japuí, em São Vicente, Thiago resolveu fazer o concurso público de Praia Grande para poder continuar atuando no Programa náutico, do qual faz parte desde a chegada em Praia Grande.

A vela foi o primeiro esporte competitivo que praticou. Por meio dela, conheceu todo o Brasil, outros países e os procedimentos da Marinha. Teve contato com a natureza, mares e oceanos; aprendeu a elaborar estratégias para enfrenta correnteza, vento, chuva e outras adversidades.

“Resolvi encarar a vida de frente, me superar a cada momento. Há momentos muito ruins quando tenho crises. Numa delas, fui obrigado a abandonar, já no quarto ano, a Faculdade de Engenharia de Petróleo. Não conseguia mais segurar a caneta. E há momentos ótimos, como quando fui campeão brasileiro de vela dingue, por exemplo”, revelou Thiago. “Sou o único velejador com esta condição no Estado. Quando as pessoas descobrem, me consolam e oferecem ajuda. São muito carinhosas. Meus pais, Luzinete e Luiz, ficam assustados e com medo porque não conhecem o esporte. Mas, a vela me traz alegria e fiz muitos amigos com ela. Integrar o Programa de Praia Grande é motivo para sair da cama todos os dias, vir treinar, trabalhar e competir”.

Ao longo da carreira esportiva, Thiago ajudou a ensinar e oportunizar os esportes náuticos para centenas de crianças e jovens de Praia Grande. Competitivamente, foi campeão regional, paulista, sul-brasileiro, brasileiro e de eventos internacionais de vela nas classes dingue, holder, open bic e oceânica. Participou até do Campeonato Mundial de Open Bic, em 2012, em Miami, nos Estados Unidos. Contudo, a verdadeira vitória dele é estar disposto diariamente para enfrentar uma doença que prejudica as próprias funções motoras.

“Sou muito grato por todas as oportunidades que a Prefeitura de Praia Grande me proporciona por meio da vela e também ao professor Silvio Bello, que sempre me apoiou e incentivou. Agradeço também aos parceiros que velejam comigo e me ajudam quando algo ocorre de forma inesperada”, declarou Thiago. “Não tenho preocupação com o futuro. Não faço planos. Vivo cada dia de uma vez. É o hoje que me importa, o amanhã eu encaro amanhã. Acho que todas as pessoas deveriam pensar assim”.