Músico tenta reverter quadro de infertilidade após contrair covid-19

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) identificou que homens que foram contaminados com covid-19 podem ter alterações de fertilidade e hormonais por muitos meses após a recuperação da doença.

Músico ficou internado em estado grave após contrair covid-19 em Praia Grande
Foto: Arquivo pessoal
Músico ficou internado em estado grave após contrair covid-19 em Praia Grande


O músico Alessandro Ribeiro Inácio, de 42 anos, morador de Praia Grande, tenta reverter um quadro de infertilidade após contrair covid-19. O artista fazia exames para dar início ao procedimento de fertilização, junto a esposa, quando foi internado em estado grave devido a  covid-19.


Alessandro foi contaminado entre o fim de maio e começo de junho deste ano. "Fiquei na UTI, meu estado chegou a ser gravíssimo”, ressalta.

“Antes de ficar doente tinha feito exames e estava tudo correto, tudo certo. Era isso que os exames apontavam. Mas, depois que saí do hospital refiz os exames e deu tudo fora do lugar. Meus espermatozóides estavam todos mortos”, conta.

Antes da doença a porcentagem de vitalidade era de 80% dos espermatozóides vivos e atualmente é de 1%.

No momento o músico faz tratamento com medicações para reverter o quadro. De acordo com a equipe médica que acompanha Alessandro, nos próximos meses a capacidade reprodutiva voltará ao normal, já que não se trata de um problema hereditário.


Estudo da USP sobre infertilidade pós-covid

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) identificou que homens que foram contaminados com covid-19 podem ter alterações de fertilidade e hormonais por muitos meses após a recuperação da doença. Segundo o estudo, há queda de testosterona e perda de capacidade de movimentação e fecundação de espermatozóides. Uma das razões que geram os efeitos é o comprometimento vascular de quem contrai o novo coronavírus.

“A Covid atrapalha toda a microcirculação do pênis, que é 20 vezes menor que a do coração. Ela também afeta a circulação dos testículos e de tudo que ocorre dentro da bolsa escrotal. Ou seja, a doença atinge ereção, circulação do espermatozóides e a testosterona, que é feita nos testículos”, diz o médico vascular Carlos Araujo.

Diante disso, poderia surgir uma dúvida: e as vacinas, que são feitas com ou a partir do vírus? O especialista acalma a população.

“O imunizante é o vírus atenuado, mas não há estudos que comprovem que ele altere (a circulação). Pelo contrário. Quando se aumenta IGG e IGM, os anticorpos da Covid, consegue-se uma imunidade maior. Então, nada comprova que a vacina atrapalhe algo. Deve-se tomar a vacina”, finaliza.


Infertilidade entre mulheres


Até o momento não há estudos que comprovem que o vírus gere problemas de fertilidade em mulheres. É o que garante o médico ginecologista Condermar Marcondes, especialista em reprodução humana.

“A Covid-19 não teve relação direta com fertilidade feminina. Até este momento, não houve nenhuma alteração física comprovada que tenha sido provocada pela doença”, diz.

O médico afirma que o congelamento dos óvulos teve aumento durante a pandemia. “O que ocorreu no período foi que as pessoas ficaram com medo de engravidar e, por isso, preferiram esperar mais tempo. Com isso, houve aumento significativo de congelamento de óvulos durante a pandemia”, explica o especialista em reprodução humana.